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Arquitetos: CEBRA
- Área: 1100 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Mikkel Frost
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi (DCT) e CEBRA architecture concluíram o novo Musallah como parte do plano abrangente para o local de destaque em torno do Forte Qasr Al Hosn, no centro de Abu Dhabi.
Um cenário histórico. No centro da metrópole moderna, Abu Dhabi, está o edifício mais antigo e mais importante da cidade, o Forte Qasr Al Hosn. Esta importante joia histórica da cultura foi originalmente construída no século XVII para proteger o único poço de água doce de Abu Dhabi e mais tarde serviu como residência real e prédio do governo. Antes da urbanização da ilha de Abu Dhabi, o forte era a primeira coisa que os viajantes viam chegando na costa do deserto - um marco que se erguia das areias como uma escultura magnífica, literalmente constituindo o berço da cidade de Abu Dhabi.
A transformação desse local consiste em um parque cultural de 140.000 m2 em torno do forte e da Fundação Cultural, um centro cultural da década de 1980. Juntos, esses dois edifícios ocupam o quarteirão que representa o patrimônio histórico e moderno de Abu Dhabi.
Reintroduzir a paisagem costeira do deserto. O plano geral enfatiza essa dualidade, dividindo o terreno na diagonal em duas paisagens contrastantes. Por um lado, uma paisagem desértica lisa, macia e aberta ao redor do forte, restabelecendo o edifício como um marco autônomo na areia como era antes da cidade moderna surgir rapidamente. Por outro lado, uma área pavimentada e programada com plantio intensificado em torno da Fundação Cultural, combinando a paisagem do deserto com a moderna estrutura da nova cidade.
O plano conecta os dois tipos de paisagens por meio de um espaço urbano público diversificado, caracterizado por fendas e formas geométricas irregulares inspiradas nos padrões distintos da própria lama na paisagem costeira do deserto e nas salinas ao redor de Abu Dhabi. Essas formas comunicam a transição entre a areia natural e o pavimento urbano e servem como "componentes de projeto" para todo o local, formando uma narrativa forte, enraizada na paisagem original.
As geometrias pousam intencionalmente em algum lugar entre a construção e a paisagem. Ao longo da zona de transição, a paisagem muda de planos horizontais para superfícies inclinadas e cresce gradualmente em edifícios reais, culminando no Musallah. Todos os componentes, desde postes até volumes de construção, se fundem com o parque para aparecerem como elementos naturais da paisagem, deixando o Forte e a Fundação Cultural como as duas principais âncoras visuais.
Al Musallah. Como um elemento importante do parque cultural, a sala de orações está localizada no lado nordeste do terreno, como uma série de pequenos edifícios interconectados que formam uma estrutura semelhante a uma caverna com um espelho d´água. Musallah está em meio à água criando uma barreira sutil de privacidade sem usar paredes, o que proporciona espaços calmos e isolados para a oração sem distúrbios visuais. Ao mesmo tempo, a água é usada como um símbolo de purificação espiritual que flui ao redor e entre as funções interiores. Os espaços individuais são conectados por tubos de vidro que fazem a ponte sobre a água, o que purifica simbolicamente a mente ao se mover pelas passagens cheias de luz de uma área para a outra.
Cada volume contém sua própria função, de modo que o layout da planta cria dois fluxos espelhados, onde adoradores de diferentes gêneros progridem respectivamente ao longo de uma sequência de espaços que criam uma experiência espiritual imersiva, seguindo o ritual de oração. Caminhando pela paisagem aberta do parque ao longo das passagens estreitas entre as “rochas”, o barulho e a vida agitada da cidade desaparecem lentamente e os visitantes entram nos salões de entrada onde é possível descansar e conversar antes das orações. Uma experiência e atmosfera que se refere à Caverna de Hira, onde o Profeta Muhammed recebeu sua primeira revelação. A partir daqui, procede-se aos espaços de ablução para lavar-se e preparar-se mentalmente para a oração e, finalmente, chega-se às grandes salas de oração. As salas de oração são orientadas em direção à Meca, enquanto um relevo concreto com inscrições aparece em um dos volumes, visível através de uma janela oculta do lado de fora.
As formas geométricas e os edifícios são espelhados no interior no mesmo padrão das fendas que funcionam como claraboias com pequenas aberturas circulares pontuando os tetos dos volumes fechados. Esses orifícios circulares deixam entrar a luz do dia e são combinados com pingentes suspensos. Juntos, eles surgem como formações de estrelas abstratas que evocam associações à fé, bem como às estrelas tradicionais dos beduínos que procuram orientação. Enquanto os salões de entrada e os espaços de ablução contêm claraboias de concreto, o interior das salas de oração é revestido com cobre, o que cria infinitas reflexões de luz simbolizando o cosmos e conectando os detalhes do teto ao desenho geral do projeto como um fractal, ilustrando como o homem sempre olhou para o céu, imaginando e refletindo sobre a própria existência.